Eu ando anotando coisas que me passam pela cabeça em qualquer papel perdido na bolsa, pensei em passar a limpo em algum lugar. Acho que vai ser aqui.
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Aquilo estava preso por ali faziamuito tempo. Ela só queria dizerque. Mas ele não parava de falar. Abriu uma brecha, é a hora de contarque. Ele começou de novo. É agora, a única coisa que ela deveria fazerera. Tudo interrompe. Eu sei, ela sabe, ela nunca vai conseguir contar que.
Foto: Letícia Nunes.
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
Estupro qualquer disco novo que caia nas minhas mãos até tirar tudoo que podem me oferecer de agradável, um mês depois são jogados na estante empoeirada junto com as vítimas passadas e ficam lá até se tornarem discos esquecidos e novosnovamente.Novamentenovos nova mente mente nova.
Foto: Letícia Nunes.
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Guardei o cheiro dele na gaveta dos meus tecidos mais lindos, ao lado dos botões e linhaspreciosas, dentro de uma caixinhaantiga demadeira.
Foto: Letícia Nunes
quarta-feira, 9 de abril de 2008
Parece que outra pessoa começa a tomar conta dos meus pensamentos. Enquanto isso meu cérebro tetraplégico não consegue reagir e chutá-la para fora, mas ao mesmo tempo que não se mexe, ele continua consciente e fica repetindo que algo está errado. Errado. Errado.
Foto: Letícia Nunes, Jardim Botânico.
quinta-feira, 3 de abril de 2008
Cola, costura, lixa e martela como se acariciasse a pele de um filho e fizesse cafuné nos cabelos da esposa. Trata cada produto de seu esforço com tamanho orgulho e amor como se fosse uma parte dos seus sentimentos materializados em couro. Foto: Letícia Nunes. Meu avô, Auri Nunes, na sua sapataria.
segunda-feira, 31 de março de 2008
Oamorsó é bonito para quem o vive. Quem vê de fora só enxerga o ridículo clichê dos juramentos e declarações. O amor éridículo. Oamor piegas e romântico. Ridículo. E eu tenho penade vocês que só enxergam o tal amor. Ridículos.
Foto: Márcio Zacarias, Eu e Kao.
terça-feira, 11 de março de 2008
E lá vem ele com as mesmasconversas batidas, as palavras de ontem e os clichês de sempre. Se olho em seus olhos quase posso ver uma luz vermelha piscando: MENTIRAmentiraMENTIRA...
Foto: Letícia Nunes, cadeado da casa do Félix.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
Se acham boasdemais para essa vidinha mundana. Com seus cabelos escovados, unhas vermelhas e almas mofadas. Apodreçam de dentro pra fora, não vejo a hora de ver suas entranhasexpostas.
Foto: Letícia Nunes, porta do meu quarto.
sábado, 23 de fevereiro de 2008
A saudade devia ser medida em quilos.
Foto: Fotógrafo desconhecido. Luís Nunes, pai.
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
O mundo sem o som do mundo.Quando passei ela esperneava como se enfiassem alfinetes enferrujados em seus olhos. A única coisa que eu conseguia ouvir era a voz do Chico Buarque. Continuei andando, mas não escutar os gritos de desespero me incomodava. Sentia uma vontade de gritar até a garganta arder, como se ela pudesse ter me passado um pouco daquela dor.
E eu gritei sem saber bem o porquê.
Foto: Letícia Nunes
domingo, 17 de fevereiro de 2008
Sua sanidade flutuava pelo quarto como uma bolha de sabão prestes a estourar.
Foto: Letícia Nunes, Tramandaí.
sábado, 16 de fevereiro de 2008
Parecia um ninho de ratos muito mal-educados. Roupasempilhadas, papéis amassados, bitucas de cigarro e meias sujas por todos os cantos. A vergonhapuxou um pêlo do seu nariz, e ela resolveu se mexer. Foto: Letícia Nunes, depósito do sítio.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
Era escuro, tinha gosto de cerveja, cheiro decigarro e som de risadas de amigos.
Foto: Letícia Nunes, uma noite em São Léo.
Eu finjo tentando fazer parecer que finjo, para o fingimento ser notado e desmascarado.Devia parar de dar voltas na verdade e atirá-la com força na cara de quem pergunta.
Foto: Letícia Nunes, Sítio dos avós do Kao, Morungava.
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
E ela ficou na frente do computador, como se esperasse um tapa na cara a qualquer momento. E o maldito barulhinho não tocou, a janela não piscou, o jeito era usar o método mais retrógrado de comunicação, falar pessoalmente. Era disso que ela tinha medo.
Foto: Letícia Nunes, Kao no notebook.
terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
Todos se conheciam. Menos eu. A sensação é de que costuravam meu estômago gelado com uma agulha cega e fio de nylon.
Foto: Letícia Nunes, Centro, Tramandaí.
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008
Ele sentou na minha frente, era menor que o banco e seu cabelo ficava dourado com o sol de fim de tarde. Quando abriu o saco de lembrancinhas pude sentir o cheiro de cereja no ar. Foto: Letícia Nunes, Sorvete, Tramandaí.
Ultimamente ando anotando coisas que me passam pela cabeça em qualquer pedaço de papel, nada muito grande, às vezes só uma frase, mas que descrevem a exata situação vivida naqueles segundos. Para a minha eterna alegria, fui abençoada com um dom de perder as coisas 10 vezes maior do que qualquer um de vocês. A intenção do blog é poder deixar as coisas que eu escrevo longe do alcance das minhas mãos, assim eu não posso amassar e jogar fora junto com notas fiscais ou usar como marcador de livro.Gosto de brincar com a minha memória, pretendo não citar nomes nem escrever a data de quando anotei no papel de verdade, só pra poder forçar a memória até enxergar aquele momento em que pensei que deveria escrever tal coisa. A pretensão era ter um arquivo pessoal de pensamentos que não valem nada, mas visitas serão bem-vindas, afinal estamos na internet e a coisa mais estúpida seria fazer um blog privado.Enfim, fim.