segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008


Se acham boas demais para essa vidinha mundana. Com seus cabelos escovados, unhas vermelhas e almas mofadas. Apodreçam de dentro pra fora, não vejo a hora de ver suas entranhas expostas.

Foto: Letícia Nunes, porta do meu quarto.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

A saudade devia ser medida em quilos.

Foto: Fotógrafo desconhecido. Luís Nunes, pai.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008


O mundo sem o som do mundo. Quando passei ela esperneava como se enfiassem alfinetes enferrujados em seus olhos. A única coisa que eu conseguia ouvir era a voz do Chico Buarque. Continuei andando, mas não escutar os gritos de desespero me incomodava. Sentia uma vontade de gritar até a garganta arder, como se ela pudesse ter me passado um pouco daquela dor.

E eu gritei sem saber bem o porquê.

Foto: Letícia Nunes

domingo, 17 de fevereiro de 2008


Sua sanidade flutuava pelo quarto como uma bolha de sabão prestes a estourar.

Foto: Letícia Nunes, Tramandaí.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Parecia um ninho de ratos muito mal-educados. Roupas empilhadas, papéis amassados, bitucas de cigarro e meias sujas por todos os cantos. A vergonha puxou um pêlo do seu nariz, e ela resolveu se mexer.

Foto: Letícia Nunes, depósito do sítio.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008


Era escuro, tinha gosto de cerveja, cheiro de cigarro e som de risadas de amigos.

Foto: Letícia Nunes, uma noite em São Léo.

Eu finjo tentando fazer parecer que finjo, para o fingimento ser notado e desmascarado. Devia parar de dar voltas na verdade e atirá-la com força na cara de quem pergunta.

Foto: Letícia Nunes, Sítio dos avós do Kao, Morungava.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008


E ela ficou na frente do computador, como se esperasse um tapa na cara a qualquer momento. E o maldito barulhinho não tocou, a janela não piscou, o jeito era usar o método mais retrógrado de comunicação, falar pessoalmente. Era disso que ela tinha medo.

Foto: Letícia Nunes, Kao no notebook.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008


Todos se conheciam. Menos eu. A sensação é de que costuravam meu estômago gelado com uma agulha cega e fio de nylon.

Foto: Letícia Nunes, Centro, Tramandaí.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008


Ele sentou na minha frente, era menor que o banco e seu cabelo ficava dourado com o sol de fim de tarde. Quando abriu o saco de lembrancinhas pude sentir o cheiro de cereja no ar.

Foto: Letícia Nunes, Sorvete, Tramandaí.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Para começar


Ultimamente ando anotando coisas que me passam pela cabeça em qualquer pedaço de papel, nada muito grande, às vezes só uma frase, mas que descrevem a exata situação vivida naqueles segundos. Para a minha eterna alegria, fui abençoada com um dom de perder as coisas 10 vezes maior do que qualquer um de vocês. A intenção do blog é poder deixar as coisas que eu escrevo longe do alcance das minhas mãos, assim eu não posso amassar e jogar fora junto com notas fiscais ou usar como marcador de livro. Gosto de brincar com a minha memória, pretendo não citar nomes nem escrever a data de quando anotei no papel de verdade, só pra poder forçar a memória até enxergar aquele momento em que pensei que deveria escrever tal coisa. A pretensão era ter um arquivo pessoal de pensamentos que não valem nada, mas visitas serão bem-vindas, afinal estamos na internet e a coisa mais estúpida seria fazer um blog privado. Enfim, fim.

Foto: Letícia Nunes, lápis de cor do atelier.